Armazenagem sustentável e acessível é oferecida a pequenos e médios agricultores

Uma nova forma de armazenagem de grãos são silos confeccionados a partir de garrafas PET. O projeto Silo Verde, em exposição na 39ª Expointer utiliza a matéria-prima das garrafas que são descartadas, para dar corpo a um novo tipo de silo, mais sustentável e acessível aos pequenos e médios produtores. Os visitantes da feira podem contribuir com o projeto depositando garrafas PET nos pontos de coleta espalhados pelo Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

Para construir um silo sustentável são necessárias de seis a oito mil garrafas PET. Uma das vantagens para os produtores é o baixo custo. Cada silo custa menos de cinco mil reais.

“O nosso produto gera impacto em toda a cadeia da cidade, ambiente, agricultura e pecuária. Além de ser sustentável, ele entrega características técnicas que são extremamente úteis para o produto, como a condutividade térmica inferior, a baixa capacidade de condensação, muito comum em sistemas metálicos, que ataca e prejudica o produto armazenado, e o escoamento, que faz o interior dele não ter aderências nas paredes, muito comum em outros tipos”, assegura o sócio-fundador da Silo Verde e tecnólogo em Equipamentos Petroquímicos, Manolo Machado.

Conforme o empreendedor, a procura tem sido maior do que os sócios imaginavam nesses dois anos de empresa. “Não reinventamos a roda, só fazemos girar de uma forma nova, sustentável e tecnicamente melhor em alguns aspectos. Aparelhar o agricultor para melhorar o desenvolvimento da propriedade é de suma importância, sem falar nas perdas por déficit de armazenagem, não só financeiras, mas de alimentos”, reitera.

O projeto, que é inteiramente desenvolvido no Rio Grande do Sul, e está incubado no Parque Tecnológico da Unisinos (Tecnosinos), em São Leopoldo, tem patente nacional e internacional e deve passar a ser exportado no próximo ano.

Recomendações técnicas

Durante o ano agrícola, os produtores podem escolher entre vender os grãos no período de safra ou investir em armazenagem para obter maior lucro na entressafra, onde os preços se elevam dependendo da cultura. Segundo o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura, Pesca e Irrigação, Valdomiro Haas, a armazenagem traz vantagens quase todos os anos.

“Apoiamos e incentivamos que o produtor seja dono do seu produto, da colheita até o momento que ele achar que possa render mais para sua propriedade. Não temos como dizer qual o melhor tipo de armazenagem, mas se falando em silo verde, se tem uma vantagem que é a retirada desse produto (garrafa PET), que tem um potencial poluidor, das ruas e rios”, afirma.

São três os fatores importantes para armazenagem correta de grãos: umidade, temperatura e controle de pragas. “O produtor precisa seguir as recomendações técnicas. Com o milho, por exemplo, recomendamos que a umidade fique entre os 13 e 14 graus e a temperatura seja ambiente para menos, isso para não estragar os grãos. Com essas recomendações, o alimento vai manter suas características de produto bom e não vai ser desperdiçado”, indica o agrônomo.

Atualmente, linhas de crédito para agricultores são oferecidas pelo governo federal, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros subsidiados para a compra de silos de armazenagem.


Texto: Letícia Bonato
Edição: Denise Camargo/Secom